Não vou mentir. A pergunta que mais nos fizeram nos últimos tempos foi: mas porque é que escolheram o Luxemburgo para passar uns dias de férias? Aparentemente para o comum dos mortais é descabido escolher este recanto da Europa para um retiro de uns dias.

Mas desde já vos digo com a maior frontalidade possível: Não sabem o que estão a perder!

Vales e montanhas de verde profundo, castelos de encantar, vilas com casas que parecem de bonecas, tudo lindo, limpo, bonito e ordenado, comida deliciosa, pessoas simpáticas e acolhedoras, caminhos que foram palco dos maiores acontecimentos da Europa dos últimos séculos. Precisam de mais?

"A melhor viagem que já fizeste? A próxima" - Gonçalo Cadilhe

Partimos para o Luxemburgo na 5feira bem cedo e regressamos a Lisboa no domingo a seguir ao almoço.

A ideia sempre foi conhecer a cidade do Luxemburgo mas depois arranjar um carro para percorrer o Luxemburgo que, tem zonas lindas para visitar e ainda fazer uma pequena incursão pela Bélgica. E assim uma short stay no Luxemburgo transformou-se em “roadtrip a la Sofi”!

E assim foi.

 

Decidimos reservar um dia inteiro e uma manhã para a cidade do Luxemburgo (a do dia da partida para a cidade do Luxemburgo). Nos outros 2 dias decidimos percorrer algumas vilas e o campo do Luxemburgo e as Ardenas na Bélgica. Vou deixar-vos aqui o roteiro que fizemos. E volto a dizer-vos que vale mesmo a pena. Se tívessemos mais dias teríamos visitado ainda mais locais. Esta zona da Europa para quem gosta de campos verdes, montanhas, vales de encantar e vilas lindas de explorar é um tesouro escondido que não aparece nos roteiros mais badalados da Europa mas que não fica atrás, muito pelo contrário, de outros bem mais famosos. 

Tenho histórias para contar, não coisas para mostrar!

Chegamos na quinta feira e depois de ir pousar as malas ao hotel partimos para explorar o centro da cidade do Luxemburgo.

Primeira paragem? A catedral de Notre Dame do Luxemburgo. Certamente não tão imponente como a de Paris mas linda e com uns vitrais maravilhosos.

Decidimos calcorrear o centro a pé sem destino. Depois da Catedral de Notre Dame do Luxemburgo seguimos para a Praça Guilherme II e percorremos as ruas em seu redor. Esta é a zona mais “busy” da cidade, com lojas, restaurantes, bares, cafés em cada esquina. Queríamos visitar o Palácio Real, residência dos Grão Duques do Luxemburgo, mas o mesmo só está aberto a visitas no período do verão e como chegamos no dia 9 de Setembro já estava fechado.

Tínhamos um almoço de trabalho marcado por isso decidimos vaguear sem destino pelas ruas e praças do centro. Passamos no “Casemates du Bock” para ter uma visão interessante do sistema de túneis antigos da cidade. Queríamos visitar por dentro, pois é um dos “ex libris” da cidade, mas infelizmente graças ao Covid estava fechado.

Percorremos o Chemin de la Corniche com uma vista deslumbrante sobre o Grund, um bairro típico e pitoresco que fica lá em baixo no vale junto ao rio Alzette.

Voltamos para o centro pelo Palácio da Justiça do Luxemburgo e fomos almoçar ao L’Atelier Windsor. 

Depois de almoço seguimos novamente pelas ruas do centro até ao Grund. Descemos tudo até lá abaixo e percorremos as ruas e vielas desta zona da cidade tão pitoresca em que quase parece que estamos noutra época.

Fomos até ao Plateau do Rham para desfrutar da vista sobre a cidade.

Apanhamos o elevador no Grund para subir novamente para a parte alta da cidade. Dá para ir a pé mas já não tinhamos pernas.

Percorremos novamente as ruas do centro de regresso ao hotel com paragem na Ponte Adolphe para desfrutar do pôr do sol.

Museus a visitar no centro:

O Museu da Cidade do Luxemburgo

O Museu da Resistência

Loja a não perder:

Chocolate House. Se quiserem levar um souvenir doce parem nesta chocolaterie com montras de babar. Os chocolates são lindos e acima de tudo uma delícia. 

You only live once, but if you do it right, once is enough.

No dia a seguir tínhamos carro, simpaticamente emprestado, por isso decidimos sair do centro e percorrer algumas vilas do Luxemburgo.

Estava um dia chuvoso mas não foi isso que nos demoveu do passeio.

Primeira paragem: Clervaux, esta pequena vila marco histórico da Segunda Grande Guerra (como várias outras vilas da região quer no Luxemburgo quer na Bélgica), palco da batalha de Clervaux em 16 de Dezembro de 1944 no decurso da invasão das Ardenas, é uma vila ( e bem assim a região circundante) que vale a pena ser visitada.

Depois de uma passagem pela Abadia de Clervaux, que vale a pena pela beleza da Abadia e pela vista que da mesma podem ter sobre a vila, fomos directos ao Castelo ver uma exposição que já nos tinha sido muito recomenda: The Family of Man.

Esta exposição, que já esteve exposta no MOMA de Nova Iorque e agora está aqui a título permanente, encontra-se inscrita na Memória do Mundo da Unesco e é uma compilação brilhante de fotos de fotógrafos originários de vários países.

Seguimos para Vianden. Fiquei  seriamente apaixonada por esta vila linda junto ao rio Our e próxima da fronteira com a Alemanha. Por indicação de um colega belga do Pedro almoçamos no Auberge Beim Hum. Para não variar fomos atendidos por um português muito simpático – sim aqui é uma constante – e almoçamos lindamente!

Depois da barriga reconfortada toca a subir para o Castelo! O Castelo de Vianden vale a pena visitar pelo castelo em si mas também pela vista maravilhosa sobre a vila e a paisagem linda de morrer da região. O Castelo ergue-se majestosamente sobre uma colina e encontra-se rodeado de montanhas e campos de um verde tão verde que parece mais verde aqui do que noutros locais. 

Ficamos realmente surpreendidos com este cantinho da Europa. As vilas todas lindas, a paisagem de encantar, as cores, os restaurantes de babar…..

Seguimos por estradas a serpentar no meio da floresta para a região de Mullerthal! Esta região é o palco ideal para fazer uns trekkings. Pena estar a chover a potes pois havia pelo menos um trilho que tinha planeado fazer.

No meio desta floresta mágica descobrimos a cascata de Schiessentümpel. É uma cascata pequena mas com uma envolvência maravilhosa e que se não fosse a chuva convidava a umas caminhadas nos trilhos que a circundam.

Ainda tínhamos uma última paragem: Echternach, famosa pela sua abadia, e com razão e centro cultural e histórico da região de Mullerthal, é conhecida como a pequena Suiça do Luxemburgo.

Hora de voltar, descansar, jantar num bom restaurante e preparar as aventuras do próximo dia. 

Clervaux
Castelo de Clervaux
Vianden
Vianden
Cascata de Schiessentumpel - Mullerthal
Cascata de Schiessentumpel - Mullerthal
Echternach
Echternach
Echternach

No dia a seguir saímos bem cedo rumo às Ardenas na Bélgica. Primeira paragem: Bastogne e o Museu da Grande Guerra de Bastogne.

A zona das Ardenas foi palco das maiores batalhas quer da Primeira quer da Segunda Guerra Mundial, e disso são testemunhos os vários cemitérios que se encontram ao longo das estradas, memoriais de tempos tão violentos e conturbados.

A vila de Bastogne foi um grande palco da Segunda Guerra Mundial, bastião da resistência à ocupação nazi, e era considerada pelos nazis uma prioridade máxima por se encontrar numa região estratégica das Ardenas. A sua reconquista pelos Aliados à Alemanha marcou o início da derrota dos nazis na guerra e da reconquista da Europa à medida que, após o desembarque da Normandia, os Aliados iam avançando pela Europa e empurrando os nazis para a derrota final.

O Museu da Grande Guerra vale a pena ser visitado como homenagem a todos os que naquela guerra abominável lutaram e resistiram à ocupação nazi e tornaram possível uma vitória dos Aliados.

Saindo de Bastogne seguimos para um local fantástico que nos recomendaram para o nosso almoço de aniversário de casamento: Les Étangs de la Strange, numa quinta de sonho junto a um lago, não muito longe de Bastogne. 

Foi um almoço de sonho para um dia de celebração…17 anos de casamento mereciam um local especial!

Fomos ainda visitar a Abadia de Notre Dame d’Orval passando por campos e vales lindos. O campo belga é realmente bonito. Tudo parece ordenado e desenhado à mão, os campos, as florestas salpicadas aqui e ali por vilas com casas, todas bonitas, todas arranjadas, com os seus jardins e entradas convidativas, com brinquedos de criança espalhados aqui e ali.

A Abadia D’Orval é um must see nesta região. Só conseguimos visitar a zona da antiga Abadia pois a parte nova estava fechada para um retiro. Mas é maravilhoso percorrer as ruínas, colunas e antigos arcos da Abadia antiga. Parece que somos transportados até à época. E toda a envolvência da Abadia é mágica.

Se forem visitar a Abadia comprem uma caixa da cerveja que já é fabricada aqui no local ancestralmente, a cerveja Orval. 

Para encerrar as celebrações do casamento fomos jantar ao Le Jardin d’Anais, um dos melhores restaurantes da cidade do Luxemburgo, e galardoado com uma estrela Michelin. Foi a forma perfeita de encerrar um dia inesquecível e ter um jantar romântico!

Reservamos a manhã seguinte para comprar alguns souvenirs e dar umas últimas voltas no centro da cidade do Luxemburgo.

Almoçamos com uns amigos no restaurante Bazaar, com ementa de inspiração do médio oriente e lá fomos nós apanhar o avião de regresso a Lisboa!

Foram apenas 4 dias mas que souberam a muitos mais e nos deixaram cheios de vontade de fazer uma roadtrip mais extensa nesta zona da Europa.

Acreditem, vale muito a pena a visita! Percam-se pelas ruas da cidade do Luxemburgo, arranjem um carro e percorram este país com castelos e florestas de encantar e se tiverem tempo aventurem-se a atravessem a fronteira para um dos vários países que rodeiam o Luxemburgo,

Não se vão arrepender!
Boas aventuras!


Sofi

Orval
Les Jardins d'Anais
Les Jardins d'Anais
Les Jardins d'Anais
Les Jardins d'Anais